A lua
DA INFLUÊNCIA DA LUA
Outono. O Sol,qual brigue em chamas, morre
Nos longes de água...Ó tardes de novena!
Tardes de sonho em que a poesia escorre
E os bardos, a cismar, molham a pena!
Ao longe, os rios de águas prateadas,
Por entre os verdes canaviais, esguios,
São como estradas líquidas, e as estradas,
Ao luar, parecem verdadeiros rios!
Os choupos nus, tremendo, arripiadinhos
O xale pedem a quem vai passando...
E nos seus leitos nupciais, os ninhos,
As lavandiscas noivas piando, piando!
O orvalho cai do céu, como um unguento.
Abrem as bocas, aparando-os os goivos;
E a laranjeira, aos repelões do Vento,
Deixa cair por terra a flor dos noivos.
ANTÓNIO NOBRE-LIVRO-SÓ