
Hoje, dia 24 de Abril, tive que tomar uma decisão importante, nada fácil, mas que teria que ser tomada.
Deitar abaixo o pinheiro do meu jardim. Ele era imponente, lindo, maravilhoso, com os seus ramos verdes, que continham pinhas pequenas, lindas cobiçadas por quantos as viam.
Fez parte da paisagem do meu jardim, vários anos, engalanava a entrada do portão, mas, cresceu, cresceu, ultrapassava os fios de electricidade, e estava no extremo, muito junto à estrada.
Então nestes últimos tempos, com o mau tempo, com o vento forte, ele, não oferecia segurança, tanto para o trânsito, como para os postes de electricidade.
Assim, com responsabilidade, tomei (tomámos) a decisão de nos despedirmos dele.
Com a ajuda de uma corda, uma escada altíssima, um serrote e uma moto-serra, ele caiu, ao chão.
Primeiro gemeu, como quem está com dores, depois mais um puxão e ele lentamente tomba no chão.
Eu, observava, todo aquele trabalho e as emoções eram conflituosas, por um lado preocupada com as pessoas que o faziam, podiam sofrer algum acidente, e por outro, aquele pinheiro foi uma preciosidade deste jardim.
Foi casa dos passarinhos, das rolas, companheiro doutras plantas, e agora, está ali retalhado, as pinhas espalham-se por toda a área envolvente...
Os automóveis continuam a transitar, como nada se passasse. Tudo continua com o seu ritmo habitual. Mas aquele espaço já não é o mesmo, ficou mais vazio, os seus troncos parecem chorar, com a resina a escorrer em forma de lágrimas.
Medito em tudo isto, enquanto com esforço, puxo os troncos dali e vou arrumá - los, onde vão ser cortados, em pequenos toros, que irão ter outra utilidade.
Aquecer-nos nas noites frias do Inverno, e aí! Eu lembrar-me-ei que esta madeira, cresceu no meu jardim, que aquece novamente, sim!
De outra forma, agora com a cor refulgente do fogo, depois de ter sido verdejante. De ter sido utilizado em belos arranjos natalícios, com os seus ramos verdes, como com as suas pinhas preporinadas.
Pinheiro da minha saudade, tiveste uma vida feliz, e continuarás a ser uma bela recordação.
Para mim que decidi tantas vezes, ficar a observar-te da janela, não te vejo mais!